Lançamento da Editora Dufaux, esta obra foi escrita por Maria Modesto Cravo, a Dona Modesta, através da mediunidade de Wanderley Oliveira. Dona Modesta nasceu e viveu na cidade de Uberaba, MG e era médium no Sanatório de Uberaba e na União da Mocidade Espírita de Uberaba; está presente na maioria das obras do Dr. Inácio Ferreira, sendo sua grande amiga e conselheira. Desencarnou em 1964 e vem trabalhando incansavelmente no Mundo Espiritual em benefício da humanidade.

Em O lado oculto da transição planetária, Dona Modesta nos mostra o funcionamento do GEF – Grupo Espírita Fraternidade – ligado ao Hospital Esperança fundado por outro grande baluarte do espiritismo no Brasil, Eurípedes Barnaulfo. Auxiliada pelo Dr. Inácio, Dr. Bezerra de Menezes e pelo Irmão Ferreira, Dona Modesta irá – como muito amor de dedicação – administrar conflitos existentes junto aos dirigentes e corpo mediúnico da citada casa espírita.

Maurício e Elvira são os dirigentes do grupo. Apesar de possuírem boa índole, estão ainda muito presos ao “purismo doutrinário” e acabam se opondo a algumas mudanças propostas pela espiritualidade. Paolo é um médium estudioso e que incorpora o Dr. Inácio Ferreira a fim de realizar curas físicas, mentais e espirituais.

O livro começa com um caso de magia negra, ou goécia como vem sendo chamado tal processo atualmente. Cibele chega ao GEF acompanhada de seus pais, bastante perturbada. Dr. Inácio vê que ela foi alvo de quimbandeiros; a magia foi encomendada pela esposa do amante de Cibele. Com a ajuda do grupo do Irmão Ferreira, Dr. Inácio desfaz o “trabalho feito” e inicia um processo terapêutico com a paciente. Irmão Ferreira é quem comanda a guarda desta casa espírita e ele é ninguém mais ninguém menos do que o espírito de Lampião, o Rei do Cangaço. Na página 27 encontramos a seguinte nota:

Tendo vivido as lides do cangaço brasileiro, pernoitou longos anos de sofrimento em psicosferas pestilentas, adquirindo vasta experiência sobre a maneira de atuação nas trevas. Após esta etapa, resgatado a pedido de Jesus e destinado a Bezerra de Menezes e Eurípedes Barnaulfo, passou a compor o esquadrão dos servidores no Hospital Esperança.

Lembrando que na Umbanda existe a linha de trabalho dos cangaceiros e uma de suas falanges é dirigida por Lampião.

No capítulo 3, Dona Modesta aproveita o desdobramento durante o sono físico de alguns médiuns para passar-lhes alguns alertas. Para Suzana, a benfeitora aconselha que a médium evite ser tão controladora, mostrando que tal atitude interfere em seu contato com o mundo espiritual.

A pessoa controladora tem um tipo emocional que absorve tudo que é dos outros para si. Ao fazer o movimento íntimo de podar, vigiar e manter sob vigília com excessiva intensidade a vida de quem ama, o controlador puxa para si o peso das lutas alehias como se mantivesse uma coleira afetiva sobre as pessoas. Por meio dessa conexão enfermiça carrega em sua aura espessa camada de potencial energético pertencente ao outro. Pg 74

Nos capítulos seguintes, a equipe espiritual vai lidar com um caso que  infelizmente ainda é muito comum em centros espíritas e que a meu ver não deveria ser assim. O atuante médium Paolo convida os dirigentes Maurício e Elvira e a colega Suzana para uma festa em sua residência. Com sua espontaneidade habitual, informa que irá se casar em breve com seu companheiro Carlos. Suzane fica exultante e comemora, enquanto os 2 dirigentes se mostram chocados frente a revelação de Paolo. Na festa, Maurício e Elvira não conseguem relaxar e acabam indo embora mais cedo. Acreditam que Paolo está obsediado e decidem pedir orientação a uma federação espírita. João Cristóvão, o presidente, também se mostra homofóbico e os orienta a afastar o rapaz dos trabalhos mediúnicos, chegando mesmo a propor um “tratamento” dentro da tal federação.

No capítulo 5, intitulado “Mediunidade e Homossexualidade”, Dona Modesta nos explica que a homossexualidade NÃO  é um desvio de caráter e muito menos um caso de obsessão, mas sim um estágio evolutivo do espírito. Revela ainda que a união de Paolo e Carlos já foi combinada no plano astral antes do casal reencarnar.

Não é a orientação sexual que determina a energia e as companhias espirituais. É a forma de viver, o expressar do sentir e do pensar é que moldam a aura do ser humano, seja ele negro, homossexual, muçulmano, católico, baixo, alto, velho ou novo. Enfim, não são os rótulos humanos que servem de distintivo para vermos e tomarmos contato com Deus Pai e com nosso deus interno, em forma de sabedoria e grandeza espiritual. Pg 129

A atitude preconceituosa de Maurício vinha de seus próprios conflitos sexuais. Casado e pai de 3 filhos, Maurício sempre teve desejo por outros homens e buscou na Doutrina Espírita e num comportamento super rígido uma forma de reprimir seus sentimentos. Não deu muito certo, assim como vemos diariamente acontecer com homofóbicos e fundamentalistas de plantão 😉

Temos ainda um capítulo dedicado ao Irmão Ferreira e outro sobre os tipos de defesa nos serviços com o submundo astral, além de uma entrevista com Dona Modesta.

Bom, eu AMEI este livro. Li em menos de 1 dia. Tenho predileção por livros que mostram a contraparte espiritual de casas espíritas e que contenham uma visão mais universalista sobre a vida espiritual. Não acredito que Kardec desejava o tal “purismo doutrinário”, visto que o querido codificador era antes de tudo um estudioso, educador e cientista. Na minha modesta opinião, o que vale é a intenção e o amor no trabalho voltado à caridade. Então, as ideias apresentadas neste livro vieram totalmente de encontro com minhas concepções. Dona Modesta nos mostra em diversos momentos os perigos da ortodoxia.

João Cristóvão é um retrato do nosso passado religioso que ainda teima em dominar. Dirige uma instituição que tem compromisso com a doutrina, mas despreza o amor e o respeito ao semelhante que não se encaixa nos padrões aprovados por essas organizações. É o amor na cabeça tomando forma de poder. Até quando amaremos o Espiritismo sem amar o nosso próximo e suas diferenças? Pg 103

O livro possui 288 páginas, com letras grandes e confortáveis, arte gráfica de primeira qualidade e foi prefaciado pelo Dr. Bezerra de Menezes que, carinhosamente, nos convida a servir  neste momento tão delicado de transição planetária.

Nesse momento, em que os tutores celestes lançam seus olhares e suas ações para que as trevas sejam iluminadas pelas forças do amor, os aprendizes do Evangelho são chamados para se alistarem nas frentes destemidas de trabalho e socorro.

Irmãos, mais amor e união, menos melindre e muito trabalho! Que assim seja. Amém. Axé!

O lado oculto da transição planetária – capítulos
 
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